quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O limiar


       Quatro paredes, já não suporto mais encarar o teto, sair? Muitas vezes, sair é como voltar a encarar o teto. Todos vivem a mesma vida, todos os dias, tanto automatismo, repetição, sem vida. E é como se eu não me encaixasse. Tão cruel é a vida dos que enxergam de verdade, pois, os que estão cegos, estão felizes na farsa. E nós? Talvez nunca nos conformaremos. Me sinto como um quebra cabeças onde faltam muitas peças a se completar. Que ninguém saiba como é se sentir tão perdida, como eu me sinto. Onde estou, nada avisto, nem o céu é tão bonito como deveria ser. Falta alma, luz, energia, sabor, falta "sentir". Eu que ainda nem comecei a minha jornada, estou sufocando, a espera de deixar o casulo e seguir. Os ventos de onde eu vivo já não fazem sentido, se é que algum dia fizeram, para mim. Sei que o meu Destino me aguarda para o limiar dos meus passos. Para entender, é necessário sentir. Essa necessidade de liberdade, de encontrar um lugar para se chamar de lar, necessidade de me encontrar. Chega um ponto em que você só vai empurrando, deixando o tempo passar, até que o dia do início dos tempos, do meu tempo, comece. Não importa o que hei de encontrar, quanto tempo levarei. Porque, talvez, encontrar não seja o mais importante, e sim buscar. Os caminhos que eu vou percorrer, tudo o que eu encontrar no caminho, me fará ser realmente quem sou, me transformará, me revigorará a alma. Ah, como eu preciso caminhar. Estagnar é como uma doença terminal, a infelicidade proveniente disto é como estar morto em vida.




"Mesmo que eu precise,
Ainda ser livre
Nosso futuro está pavimentado
Com dias melhores..."
Eddie Vedder


“Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar.”
Érico Veríssimo

Loren Rodrigues 27/12/12

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Adeus

   
     E eu digo que te odeio. Repito tantas vezes que provoca uma dor rasgante. Mas é mentira, eu te amo, nem sequer me imagino algum dia sem te amar. Só que eu preciso mentir, porque é mais fácil. Não fomos feitos pra durar, jamais encontraremos um final feliz. E talvez porque no fundo eu saiba que você jamais me amou. 

   Dizer que te odeio é a forma mais simples de te manter distante o suficiente para que você não me machuque mais. Tenho esperanças que de tanto repetir, eu acabe te odiando de verdade. Só estou cansada de te amar sozinha. E o pior é que quanto mais eu digo que te odeio, mais percebo o quanto eu amo você.

   Como o mundo pode ser justo, se a pessoa que eu mais amo é a que mais me faz sofrer, é quem possui um talento nato para me magoar? 

    Eu me exorcizei de você, mas não funcionou. É como se estivesse impregnado em mim, na minha pele, no meu toque, nos meus pensamentos. Eu te expulsei de mim, pelo menos é o que eu espero que você acredite. Porque eu repeti mil vezes na frente do espelho, mas soou a maior blasfêmia já dita.

    Eu te disse adeus, mas sempre vou amar você. Mesmo que tudo tenha sido mentira, suas palavras, seus toques, seus sorrisos, seus beijos. Você me condenou a amar sua mentira, agora eu te condeno a conviver com a minha: eu te odeio.


s vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais..."
Os Paralamas do Sucesso



Loren Rodrigues 18/10/2012




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dádivas & Maldições

      
        No começo era dádiva, algo para se ajoelhar todos os dias e agradecer. Surgiu feito um sol que nasce nas manhãs frias para aquecer. Nos dias tensos, era o que me acalmava e, no tédio, era o que trazia adrenalina. Eu não conseguia entender algo tão contraditório, era como um remédio para a infelicidade.
      Sabe quando você simplesmente para de pensar no passado ou no futuro? Foi o que aconteceu. De repente, nada mais existia, nada mais fazia sentido. Era o presente que importava, na verdade, o presente ao seu lado. Eu deveria saber que uma grande entrega acarretaria em uma grande queda. Mas quando você vê o brilho do sol pela primeira vez, fica tão cego diante de tal perfeição que esquece que pode se queimar.
     Quando eu te encontrei, caiu como luva, preencheu os espaços antes nunca ocupados. Eu jamais podia imaginar que a maior dádiva da minha vida se tornaria uma maldição. Se antes você me trazia um rumo, hoje me leva à perdição. Quando estamos distantes, eu consigo caminhar, mas quando você se reaproxima, perco o rumo e preciso recomeçar. De novo, e de novo, e de novo. Você nem percebe o quanto dói, o quanto é difícil. Isso soa como um egoísmo descomunal. 
      Mas na verdade, a própria ideia de você existir em algum lugar no mundo, é como um calorzinho esquecido aqui dentro. Eu nunca vou conseguir odiar você. Jamais vou te esquecer. Você sempre será parte de mim, parte de quem eu sou, porque quando te conheci, foi quando me encontrei. Talvez por isso tenha machucado tanto, porque quando acabou, você levou uma parte de mim, e me deixou incompleta novamente, irremediavelmente desnorteada. 
      O primeiro contato com um grande amor, é sempre assim, primeiro a brisa atrelada à tempestade. Depois a tempestade toma conta. E o mais verossímil é que nossas vidas não terminam com os grandes amores, os filmes e livros foram ilusões criadas para nos sentirmos melhores. Mas na verdade nos sentimos piores quando não alcançamos o tão almejado "felizes para sempre".
      Nem sei como prosseguir, as lembranças me assombram todos os dias com o que vivemos e o que deveríamos/poderíamos ter vivido. E é tão injusto te ver e me sentir "proibida" quanto a você. Porque acabou. Já faz tempo. Tente dizer isso a si mesmo. E vai ver o quanto soa absurda a ideia de esquecer. Mas se for pra ser sincera, comigo, com você e com o mundo, seria fuga, mas seria a minha escolha. E o mais cruel é doer tanto que me faz desejar esquecer algo que um dia deu sentido a minha vida. 
      O que nos faz feliz jamais deveria ocasionar tristeza. Grandes amores são como uma maldição, porque para nós, nunca acabam.


"This gift is my curse for now."
" Essa dádiva é minha maldição de agora em diante."
(Yellowcard)

"Feliz é o destino da inocente vestal, esquecida pelo
 mundo que ela esqueceu, brilho eterno de uma mente sem lembranças!"
(Do filme "O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".)




Loren Rodrigues 10/10/2012


sábado, 22 de setembro de 2012

Rosa de Saron


    Eu que não tenho acreditado muito em milagres nos últimos tempos, vi a terra seca e árida se banhar em cachoeiras do céu. Vi trovejar, não só lá fora, mas muito mais aqui dentro. Tudo que eu tenho sonhado, não, não aconteceu. Sei que uma hora cada história, cada estrada encontra o seu rumo. Passar os dias almejando o não vivido, o tão esperado, é deixar o presente desvanecer, abandonando assim o que virá.

    Mas minha mente se permite encarcerar pelo que sinto, todos os meus anseios se tornam um emaranhado de confusão, todos os meus medos, tristezas, inseguranças, esperanças... ocupam o espaço indevido. Enquanto isso, a insônia vem, penso tanto que o sono se ofende e decide adormecer longe de mim.

    Eu poderia ignorar, mas ignorar o que eu sinto é ignorar quem sou. Particularmente, tenho percebido que ser quem sou demanda qualquer rumo que não seja normal ou comum. Eu tenho tempestades internas diárias, o Sr Passado em batalha com o Sr Futuro desejando destronar o Sr Presente. Mas às vezes, aparece um certo Sr Do Que Não Virá, Embora Eu Quisesse que causa uma verdadeira turbulência. E o pior é que realmente não sei qual lado escolher nesse Golpe de Estado Interno. Vontade versus o que é apropriado.

    Só por um dia eu queria não pensar em nada, não desejar nada. Simplesmente deixar chover, até inundar. Me afogar em esquecimento completo. Quem sabe assim, eu possa abrir um caminho nas águas, fugir de mim. Recomeçar. Dar um primeiro passo em qualquer lugar distante e conhecer o Sr Desconhecido. Descobrir cada canto do mundo que eu jamais pensei que poderia existir. Me surpreender. Ficar tão feliz por nada e simplesmente, isso ser tudo.

    Aonde eu caminho, mergulhos são raros, o ar é sempre tão pesado, tão parado, a realidade é mais real do que deveria ser, que até sufoca. Hoje, choveu. Poderia assim, surgir uma nascente em mim? Ver jorrar água límpida e cristalina, onde era terreno enxuto e ressequido? Talvez acreditar que rosas realmente podem brotar no deserto, assim como em Saron.


Loren Rodrigues 21/09/2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Roteiro

    Hoje eu ouvi uma música que me tocou, uma nova composição que fez nascer um sonho novo.Passei por grandes turbulências nos últimos meses, e já sabia que seria assim, mas como previsível que sou, independente de já saber como acabaria, arrisquei mesmo assim. 
   Vivo me culpando por sempre escolher os mesmos caminhos tortuosos e decidir pelos círculos viciosos. Mas é quem sou, passei a vida inteira tentando ser diferente e mudar de rumo, mas quanto mais eu tento dar passos contrários, mais as cenas se repetem. Como fugir do que eu sou, de quem eu sou?
     A verdade é que, por pior que pareça, não há como. 
    Sempre após uma tempestade, me resguardo e decido "deixar a vida seguir", mas a minha ânsia de sentir, de viver a intensidade dos dias, dos momentos, não me permite viver na calmaria. Lá vou eu, entrando naquele velho círculo vicioso, conhecido meu de longas datas.
     Eu só estou cansada. Muito cansada do mesmo filme, do mesmo "idioma" que a minha vida fala.
    Mas acredito que pior do que estar cansada, é a ausência de opções, não é como se eu pudesse mudar de filme ou pelo menos pular as cenas. Eu só queria um roteiro novo. 


Loren Rodrigues
07/08/2012

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Enquanto...



E chegará aquele dia em que haverá somente eu e você,

e todos aqueles empecilhos e peças que a vida tem nos pregado

 não serão nada diante do amor que construímos 

em meio a nossa turbulência de encontros e desencontros.

Enquanto isso, a gente se vê, quem sabe, hoje, talvez amanhã, 

em um futuro inesperadamente predeterminado.

Enquanto isso, a gente vai se amando, de novo e de novo...


Porque amor não é compromisso,

amar é permanecer ligado por uma conexão mágica inexplicável,

haja o que houver...




Loren Rodrigues 31/05/12

terça-feira, 13 de março de 2012

Sobre pontes e destinos

  
    Estou caminhando por uma ponte frágil, que pode me levar ao meu Destino, mas também pode me fazer cair no abismo. Quem sabe a minha inevitável atração pela incerteza, ou, quem sabe, o vazio, a necessidade de sentir de novo tenha me levado a escolher este caminho.
     Eu estava tão cansada de andar em círculos, sem nada desejar, sem nada sonhar, sem nada sentir, que ao encontrar a ponte pela segunda vez, algo mudou em mim. 
    Não preciso de certezas, não preciso de promessas, só preciso do hoje e da simples ideia de voltar a acreditar  na vida de novo. Pois, onde eu estava era escuro e vazio. Eu vivia com mágoas e temores guardados que me impediam de sorrir. 
      E eu só pude voltar a ver a luz, através da ponte. E a sensação de me reaproximar da luz foi incrível, eu mal cabia em mim de tão feliz. Aqueceu algo que estava totalmente congelado. Não me sinto como antes, e isto já é único.
    Sinto como se cada travessia existisse para me mostrar a essência da vida, "sentir". Há certos caminhos especiais que são capazes de despertar sentimentos únicos dentro de cada pessoa, trazendo sentido a cada vida, a cada dia. E o meu caminho é esta ponte frágil, que me deixa tão amedrontada, insegura, mas indiscutivelmente feliz.
   Esta pode ser a minha última viagem, mas não importa. Eu jamais vou me arrepender de sentir.


Loren Rodrigues 13/03/12