segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Faróis


Aquele dia , era como um corredor da morte. Eu sentia que meu coração ia explodir a qualquer instante. Eu não tinha controle de nada do que viria adiante. Tudo o que eu conhecia e me fazia feliz, sumira com a brisa daquela manhã. Eu estava sem chão, sentia que minhas expectativas eram as piores, minha alma se fechou aquele dia para qualquer felicidade. Nada mais fazia sentido. Era o início de uma das fases mais dolorosas da minha vida.
O céu daquela manhã tão cinza se comunicava tanto com o meu coração petrificado.
Mas foi naquele dia tão improvável que eu vi você . Sentado , com um olhar tão perdido quanto o meu . O olhar que penetrava a minha alma, que chegava doer. Eram como faróis procurando um navio perdido no oceano. Era um mistério intrigante.
E  a sua desorientação era como a minha.
Ambos querendo ser fortes , mas por dentro a ausência de rumos extravasava. O mundo parecia tão grande , tão cheio de caminhos, mas só um , inevitável , era o permitido. E a falta de liberdade, de escolha adoece os nossos instintos ...
Aquele dia, eu te vi. Tão só.
Assim como eu me sentia. E desde então, fez-se o elo.

Loren Rodrigues