
Há algum tempo atrás eu descobri a chuva. E me apaixonei. Eram rios cristalinos caindo do céu, lágrimas do nosso universo.Venho decifrando cada pingo que cai no asfalto ou na face da criança que brinca no jardim. Seria uma lágrima infantil?
As crianças sentem, a chuva expressa. Cada som que a chuva faz, canção nas matas , faz o verde germinar.
Lembro-me do meu primeiro banho de chuva, a voz materna a me reprovar, mas lá em cima naquele céu nublado, haviam cores a surgir, fez-se então o arco-íris. E logo a voz ficava cada vez mais baixa.Extasiada fiquei.
O som da chuva, as cores. Reflexo da felicidade no meu olhar infantil.
Mas como tudo na vida, cresci, anos e anos fugindo da chuva, é conveniente. Todos dizem que não é legal se encharcar. Mal sabem o que perdem.
Em uma tarde de novembro, da janela eu estava a olhar, a imaginar.Quando comecei a ouvir uma música envolvente.Eram tons suaves.Um aroma de terra molhada nasceu.
De repente, fez-se a fome. Fome de vida, de nascer de novo. Fome de intensidade.Corri para a fora e me deliciei nas lágrimas do céu.
Me senti viva.
A chuva é uma forma de se interpretar a vida.
Fugaz, deliciosa.
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